26 de dezembro de 2009 | N° 8665
EDITORIAIS
Quem deixou suas compras de Natal para a última hora, na Grande Florianópolis, enfrentou não apenas o atropelo costumeiro nas lojas e supermercados lotados. Pior: penou monumentais congestionamentos no trânsito. Em alguns momentos, as filas se estendiam do centro da Capital, tanto em direção ao Norte quanto ao Sul da Ilha, enveredavam pela ponte em direção à área tradicional da Capital e escorriam até São José como serpentes metálicas, assustadoras e malcheirosas. O mesmo tormento enfrentou quem pegou a estrada mormente as BRs 101 e 470 em demanda às praias ou ao interior para visitar familiares no feriadão natalino. Nessas datas especiais, é possível medir na sua inteireza a questão que se transformou em um dos principais fatores de degradação da qualidade de vida em nosso tempo e espaço: o problema, cada vez maior, da falta de mobilidade.
Como foi registrado em um estudo realizado por técnicos em Planejamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o uso indiscriminado do transporte motorizado individual produz graves impactos ambientais, econômicos e mesmo sociais, com individualismo exacerbado, estresse e violência no trânsito. O problema tem dimensão nacional. Não têm faltado advertências, mas as políticas públicas continuam a privilegiar a “cultura do automóvel”. Não há investimentos consistentes em alternativas limpas e econômicas para o transporte de massas. A falta de mobilidade prenuncia o colapso dos grandes centros urbanos e seus entornos, que, devagar e quase parando, mas inexoravelmente, marcham para a total degradação da qualidade de vida de seus moradores.
Original aqui DC
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