Nesta segunda-feira a reforma da Hercílio Luz será alvo de audiência na Assembleia Legislativa, as 14h, uma hora depois, o governador Raimundo Colombo assina o edital de licitação do projeto executivo da quarta ponte, que deve ser localizada na Baía Norte. O secretário de Infraestrutura, Valdir Cobalchini, afirma que comparecerá nos dois encontros.
Na reunião sobre a primeira travessia, Cobalchini participará da abertura da audiência solicitada pelo deputado e líder da bancada progressista, Silvio Dreveck. Os técnicos do governo ficarão para prestar os esclarecimentos e o secretário seguirá para o lançamento do projeto da quarta ponte, que ele mesmo credita como prioridade de governo.
— Aquela ponte (a quarta) vale por duas. Serão oito faixas, além das destinadas para pedestres e ciclistas. Uma coisa jamais imaginada no Estado. Nosso estudo prevê 300 mil veículos passando pelas pontes por dia em 2020, quase o dobro dos que percorrem hoje. Com a nova travessia, vamos salvar o trânsito de Florianópolis — define Cobalchini.
Estimada em R$ 1,1 bilhão, a quarta ponte tem prazo de conclusão de quatro anos. Mas corre um alto risco de entrar em uma batalha ambiental, o que geralmente leva tempo. Isso porque a travessia entre a Beira-Mar Norte e a Beira-Mar Continental terá uma aterro de 3 milhões de metros quadrados, que ligará a ponte - por um sistema viário - até a BR-101, em Biguaçu.
A obra também precisa que a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) conceda a área de Marinha para o Estado, que deseja usar um terço do total como moeda de troca para empresas tocarem o projeto. Por em prática não é tão fácil. A superintendente da SPU no Estado, Isolde Espíndola, adverte que os procedimentos se tornam mais complexos quando incluem a inciativa privada.
À medida em que o governo se volta para o projeto da quarta ponte, a Hercílio Luz passa por novos atrasos. Assim que tomou posse, Colombo prorrogou de 2012 para 2014 a conclusão das obras de restauração. Vislumbrando a nova ligação, o governo não teria dinheiro para injetar na antiga e tombada estrutura.
Com o anúncio de reduzir o investimento em março, o Consórcio Monumento, responsável pela restauração, fez o primeiro alerta do risco de queda. Para acalmar os ânimos, o Estado afirmou que iria buscar os R$ 130 milhões, faltantes dos R$ 170 milhões orçados, para concluir a obra por meio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. Mas, a três semanas de encerrar o prazo de cadastramento do projeto no Ministério da Cultura, não se decidiu nem o tipo de entidade que será criada para captar os recursos de renúncia fiscal.
Com a lentidão na restauração, cresce a incerteza sobre a conclusão da obra. Além disso, a colocação das 16 estacas - base para a estrutura provisória que vai segurar o vão central durante a restauração - já está atrasada. A balsa utilizada no estaqueamento está há um mês fora de operação. O repasse de dinheiro está inferior ao previsto. Existia um planejamento de investir R$ 11,5 milhões de janeiro a outubro, mas no período foram inseridos R$ 8,3 milhões, ou seja, quase um terço a menos. Diante de mais lentidão na restauração da Hercílio Luz e do anúncio de uma nova ponte, os alertas sobre a ameaça de queda retornam. E a incerteza da conclusão também.
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